Enquanto atacarejos e mercados de conveniência ganham espaço, supermercados enfrentam o desafio de se adaptar às novas preferências dos consumidores brasileiros
Supermercados e hipermercados, formatos tradicionais de varejo alimentar, que dominavam o mercado por décadas, agora precisam se reinventar para continuar atraindo consumidores em meio às mudanças no comportamento de compra.
Relatório do banco de investimentos BTG Pactual destacou uma queda de 11 pontos percentuais na penetração dos hipermercados entre os consumidores brasileiros nos últimos quatro anos, passando de 46% em 2019 para 35% em 2023.
Esse movimento reflete uma mudança na preferência dos consumidores, com duas grandes tendências têm se destacado: o crescimento das redes de conveniência (os mercados de proximidade) e a expansão dos atacarejos.
Essas duas vertentes representam diferentes respostas às necessidades e comportamentos dos consumidores, que buscam desde praticidade até economia.
Boom das Redes de Conveniência
O crescimento das cidades e a mudança no estilo de vida das pessoas impulsionam a demanda por lojas de conveniência (também chamado de mercado de proximidade).
Essa expansão reflete a preferência dos consumidores por compras rápidas em lojas próximas às áreas residenciais, que oferecem os itens essenciais para o dia a dia.
No entanto, essa proximidade vem com seus “contras”, como preços mais elevados devido aos custos operacionais mais altos, e uma menor variedade de produtos em comparação com os grandes supermercados.
A rede OXXO é um exemplo claro desse movimento, com mais de 500 lojas inauguradas em São Paulo em pouco mais de três anos, a rede está presente em 15 municípios do estado de São Paulo. Hoje, é praticamente impossível andar pela capital paulista sem passar por pelo menos um OXXO pelo caminho.
Mas esse formato não é exclusividade do OXXO. Grandes redes tradicionais do varejo alimentar também fizeram suas adaptações para esses mercadinhos de bairro.
É o caso do Pão de Açúcar, que adaptou sua versão “pocket”, o Minuto Pão de Açúcar. Ou ainda a versão Carrefour Express e o Mini Mercado Extra, atendendo à demanda dos consumidores por praticidade e proximidade.
Crescimento das Redes de Atacarejo
Na outra ponta do varejo alimentar, estão os atacarejos (que unem as compras por atacado, mas ampliam o atendimento varejista). Esse formato tem mostrado um crescimento expressivo nos últimos anos, impulsionado principalmente pelo cenário econômico atual.
As grandes redes de atacarejo têm investido na abertura de lojas em cidades menores e regiões com menor penetração do varejo tradicional, ampliando seu público e alcance. Em 2023, o setor registrou um crescimento de 10,9%, impulsionado principalmente por esse formato.
O atacarejo, com sua estrutura enxuta e foco em preços baixos, se consolidou como o motor do crescimento do varejo alimentar no Brasil. Em 2023, foram inauguradas 162 novas lojas no país, gerando um faturamento de R$ 300 bilhões.
Redes como Assaí, Atacadão e Atakarejo têm captado uma parcela crescente de consumidores que buscam economia ao fazer compras em grandes quantidades.
Aliás, uma tendência que pandemia acelerou, já que as pessoas buscavam evitar idas frequentes aos supermercados e garantir o abastecimento doméstico. Essa mudança de comportamento beneficiou as redes de atacarejo, que oferecem produtos a preços mais baixos em grandes volumes.
No entanto, a experiência de compra nesse formato ainda é um desafio, com questões como iluminação, limpeza e gôndolas no formato “estoque” sendo frequentemente apontadas como pontos fracos pelos consumidores. Além de, geograficamente, esses galpões não estarem necessariamente perto dos clientes, exigindo uma necessidade logística para essas compras.
E os Supermercados e Hipermercados?
Os hipermercados, em especial, têm enfrentado uma redução significativa no número de unidades. Conforme um levantamento da NielsenIQ em parceria com a Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores de Produtos Industrializados (Abad), o formato de hipermercados apresentou uma redução de 4,5% no número de lojas em 2023. Esse declínio contrasta com o crescimento de 9% das lojas de atacarejo no mesmo período.
Apesar dos desafios, os supermercados e hipermercados ainda possuem vantagens competitivas, como a oferta de uma ampla variedade de produtos em um único local, incluindo os produtos de marca própria.
Para se manterem relevantes, supermercados e hipermercados estão investindo em estratégias de omnicanalidade, tentando integrar melhor as experiências de compra online e offline.
Muitos estão apostando em serviços como retirada de compras feitas online nas lojas físicas, entrega rápida a partir de lojas locais, e programas de fidelidade mais robustos que ofereçam benefícios reais aos consumidores.
Além disso, a personalização da experiência de compra tornou-se uma prioridade. Com o uso de dados, esses estabelecimentos estão tentando adaptar suas ofertas para atender melhor às preferências dos consumidores, desde promoções exclusivas até a organização das lojas de maneira que facilite a experiência e o encontro dos produtos desejados.
A chave estará em equilibrar a conveniência com a economia, proporcionando uma experiência de compra que atenda às necessidades diversificadas dos consumidores brasileiros.
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Por: Antônio Netto
Gerente de Planejamento, liderando estratégias de marketing para o varejo. Com vasta experiência, também sou Professor, mestrando em Administração, e consultor em marketing digital, focado em inovação e prática.
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